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Se afogar na burrice é característica das pessoas insensatas e precipitadas! |
Surpreender-se
com atitudes que jamais se imaginava possíveis, partindo de determinadas
pessoas, é comum na convivência humana. Em muitos casos levam-se anos para que
se possa chegar a essa compreensão.
Faz
parte do relacionamento na convivência entre seres mortais, faz parte da frieza
de coração e espírito de uns tantos.
Alguns
amigos até comentam que a vida seria muito melhor se não fossem os outros. Ora,
pensar assim é uma reação egoísta, insensível a tolerância que devemos ter com
os mais próximos e até mesmo com os mais distantes.
Conflitos
fazem parte da relação cotidiana, as decepções estão presentes nas pessoas e
nos momentos menos esperados. Justamente quando se precisa de união entre
família, amigos, surgem mágoas e frustrações que levam à completa discórdia.
As
maiores hostilidades quase sempre começam pela intolerância contra outros que
estão muito próximos, do mesmo sangue.
O
tamanho da expectativa que temos em relação às pessoas com as quais convivemos,
pode determinar a proporção da emoção de quem está decepcionado.
Há
tempos li uma matéria publicada pela revista Exame que destacava como um dos
maiores determinantes para gerar discórdia e decepção, é a tal da herança, a
partilha de bens e dinheiro entre herdeiros. “O que há em comum entre Nélson
Rodrigues, Guimarães Rosa, Cecília Meireles, Tim Maia e Amador Aguiar? A
resposta triste é que todas essas pessoas ilustres, ao morrerem, deixaram bens
e direitos que se transformaram em motivo de disputas dramáticas entre
familiares”.
Brigas
pelo espólio estão longe de ser um problema exclusivo de gente famosa e
endinheirada. Mesmo famílias com um patrimônio bem humilde podem rachar na hora
de dividir os parcos bens de um ente falecido.
Infelizmente
essa é uma realidade que se transforma em decepção entre as partes que disputam
interesses, ou pode atingir até quem nada tem a ver com isso. Apenas são amigos
e conhecidos que veem à distância uma guerra de ambição que, em muitos casos
terminam em decepcionante desfecho.
Certa
feita alguém me perguntou sobre uma “prima” que virou a casaca e por algumas poucas
patacas, deixou de apoiar a prefeiturável Cordélia, para se render aos malvados
e corruptos “Fraternos”: “Você imaginava que fulana seria capaz disso?” Claro
que eu não imaginava, mas também não me foi motivo de tanta decepção e nem o mundo
desabou sobre minha cabeça como aconteceu com o interlocutor.
A
vida já me proporcionou experiência suficiente para conviver com situações as
mais surpreendentes possíveis na relação humana. Talvez as maiores decepções
acontecem quando criamos grande expectativa em relação a outrem ao ponto de
considerá-lo irretocável. É assim na política; na profunda admiração por ídolo
da arte, do esporte e da música; por um político que nos encanta com o discurso
de salvador da pátria.
Mágoas,
decepções, irritações com alguém ou com o carrossel da vida, provavelmente
estão fortemente ligadas à nossa incapacidade de aceitar que nada é impossível.
Até os santos têm pecados, não são perfeitos. É difícil percebermos, mas somos
nós mesmos que cultivamos a dimensão da decepção.
Olha
que belo pensamento de Bob Marley sobre sonhos e decepções: “Às vezes
construímos sonhos em cima de grandes pessoas… O tempo passa… E descobrimos que
grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los
reais!”.