Para o político corrupto, palácio... Para
o eleitor iludido, palhaço...!
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Contracena usando os mesmos artifícios de interpretação da política. E sofre os mesmos medos e busca as mesmas glórias, de certa forma.
O palhaço quer o
aplauso, quer ser amado, quer casa cheia. E nada mais solitário do que o antes
de subir ao palco.
Palhaços e políticos,
sem público, desaparecem.
Não podem nunca
perder a graça.
Falo ainda sob o
impacto de espetáculos protagonizados por magistrais palhaços de verdade e que alegres
aulas de tudo o que os animais políticos precisam ter para sobreviver na selva
da vida pública.
Os políticos não
seguem para periferia da cidade atrás de aplausos e quando a visitam, é somente
em busca de apoios políticos e votos. Isto porque o circo da política não pode
parar. E seus protagonistas se apresentam com sua trupe, escancarando
gargalhadas, abraços e cédulas de cem reais.
No circo do
palhaço, como nos comícios dos políticos, a grande estrela – ele – é o ápice do
espetáculo.
Antes, vêm os
correligionários: o engolidor de fogo, o equilibrista, o palhaço assistente.
Na política, os
caciques também possuem uma equipe com gente que brinca com fogo, com outros
que andam na corda bamba e políticos que servem de escada para que o maioral
faça sua entrada triunfal.
No circo do
palhaço, a graça não é o humor pasteurizado e politicamente correto dos
humorísticos e profissionais do riso. Ali, o Brasil se vê como é. Num dos
momentos, a plateia morre de rir do palhaço falando do assalto que sofreu na
noite anterior, do médico que não apareceu, da rua esburacada e mal iluminada,
que desvaloriza sua casa e do filho, que não foi pra escola, porque ela estava
sem merenda e sem professores.
A palhaçada retrata
a realidade da maioria das pessoas que o aplaudem.
O show fala de
problemas reais que pessoas reais de Eunápolis real vivem. E ao rirem deles
fazem uma terapia.
Intelectuais
chamariam de catarse. Palhaçada é a terapia da plebe.
Os artistas
reverberam a baianidade de seus sotaques em piadas, que muitas vezes revelam
seus próprios dramas. E crianças e adultos são envolvidas naquela fantasia; como
na política, como nas campanhas, como nos debates eleitorais. E lá no alto, no
olimpo daquilo tudo, reina o palhaço Fraterno... como se estivesse num
camarote, apenas no aguardo da chegada do show da campanha eleitoral, para
encenar seus sorrisos fáceis, seus abraços falsos e suas milhares de cédulas de
cem reais!
Ah... mas não há
como senti inveja dele!
Queria um dia, um
dia só, ver ele passear pelas ruas de Eunápolis e muita gente gritando:
– Palhaço… palhaço
Barrabás, palhaço Iscariortes... Xô satanás!
A glória não é
fácil. Na vida ou na política.
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