quarta-feira, 4 de setembro de 2019

DICAS PARA QUEM PRETENDE REPRESENTAR O POVO:

A prefeiturável Cordélia e os vereadoráveis Anaildo, Wallas e Jean, são
nomes consagrados em todas pesquisas de opinião pública em Eunápolis
Em Eunápolis deve ter no mínimo uns 300 pré-candidatos a vereadores, em busca de disputar uma das as 17 vagas da Câmara Legislativa.
Muitas negociações acontecendo, cafezinhos, reuniões, contas eleitorais e análises de conjunturas sendo desenhadas pelos dirigentes partidários a fim de definir as chapas proporcionais de 2020.
Em regra geral, esta fase funciona assim: os partidos identificam potenciais candidatos na praça e começam o assédio, tentam de tudo para angariar novas adesões, põe grandes lideranças pra telefonar oferecendo apoio à candidatura: empresários, deputados, pastores, padres, babalorixás..., é uma fase de muitas conversações, articulações e paparicações.
É comum nesta etapa ter muitas contas malucas de previsão eleitoral apresentando os nomes da chapa com estimativa de votos individuais e gerais.
Geralmente os dirigentes colocam pra baixo o número de votos dos demais candidatos concorrentes da chapa e superestima os seus votos.
Essa etapa no linguajar político é conhecida como "vendeção" de sonhos que chamo aqui de canto da sereia.
Dica 1: jogue sempre pra baixo sua expectativa eleitoral e tenha humildade para seu sonho não virar pesadelo.
            Por falar em “vender” sonhos, revelo algumas artimanhas típicas para capturar pré-candidatos: primeiro a garantia da tal “estrutura” de campanha. No caso de alguns partidos governistas isso pode ser "espaço" na máquina pública nas eleições e depois na gestão do executivo, caso o prefeito seja eleito e não dê certo o projeto de vereador.
            Este espaço pode ser através de cargos ou serviços públicos pra atender as bases ou “estrutura” de mobilização para campanha: material de divulgação, tempo de televisão, combustível, cabos eleitorais ou dinheiro vivo mesmo.
            A “estrutura” é o grande atrativo e ao mesmo tempo a maior "ilusão" das campanhas políticas, principalmente para os marinheiros de primeira viagem.
Depois da lava jato e das operações do ministério público contra caixa 2, está cada vez mais difícil e arriscado esta prática.
Dica 2: Tire um extrato da sua conta que é mais seguro, consulte sua família e ouça sua esposa.
            Antes que me esqueça, ainda tem o tal dinheiro do fundo eleitoral partidário  que será repassado aos candidatos, isso é igual pé de cobra, você já sabe o resto.
Outro chamariz que pode ser usado é o famoso rodízio de mandatos,  compromisso de que o vereador eleito no partido vai se afastar por 4 meses para contemplar os suplentes que ajudou na legenda assumirem.
Só vi funcionar esse esquema nas frentinhas de partidos pequenos que não existirão mais em 2020.
Dica 3: Corre duro pra ganhar as eleições, porque se quiser rodízio, salvo raras exceções, é melhor ir pra pizzaria mais próxima. E cuidado com as matemáticas alheias, principalmente essa história que tem vereador no mandato na chapa concorrendo, mas não ameaça ninguém porque está “queimado” na opinião pública e que vai diminuir a votação e até perder. Pura ilusão, não subestime adversários: em 2016, dos 17 vereadores, 8 se reelegeram: Ramos Filho, Jota Batista, Vavá da Farmácia, Gildair, Paulo Brazil, Aderbal, Ubaldo Suzart, Jorge Maécio.   Já os que perderam vaga para o próximo mandato foram: José Carlos taxista, To do Cavaco, Galego do Regional, Dr. João Lopes, Nádio da Roni, Zé Pelanca e o Pastor Robson.  Com exceção do edil Adelson do Alecrin que se candidatou a prefeito, sendo derrotado.
Não se esqueça que cada vereador no mandato hoje (se for da base), tem cargos na prefeitura que são seus cabos eleitorais, emendas parlamentares e um polpudo subsídio. No caso de Eunápolis, são 13 mil mês, ou seja, nas minhas contas, em 4 anos um vereador qualquer, por pior que seja, terá no bolso no mínimo 624 mil reais na reeleição pra "torrar" na campanha. E cuidado com o “rabo da sereia” a conversa de que o partido vai ajudar na sua campanha caso concorde com vereadores no mandato concorrendo. Na prática, após registrar as candidaturas no TRE, é cada um por si e Deus e o diabo para todos.
Na campanha tem dirigente partidário que não responde mensagem e nem atende celular. Como campanha é curta, não dará tempo nem para cobrar, quando você ver, já foi.
            Por isso a renovação se torna tão difícil e a disputa tão desigual, mas não é impossível vencer.
Dica 4: quanto menos “tubarãozinhos” na chapa melhor: candidatos endinheirados, vereadores no mandato ou que já foram testados nas urnas com boa votação. Se conseguir encontrar um partido sem o famoso "poca urna" e a chapa tiver competitiva, filia nele correndo. 
            A nova lei eleitoral põe fim as coligações e favorece político que está no mandato e os grandes partidos.
A regra acabará com as “chapinhas” ou “frentinhas” que no passado elegia vereadores com baixa votação pela coligação ou que funcionava como escadinha para partidos grandes, e com a cláusula de barreira individual é o fim também do efeito "Tiririca". Agora os partidos terão que formar chapas completas com todas as vagas disponíveis preenchidas para ter viabilidade eleitoral.
            Como o prazo final para filiações será em abril de 2020, creio que a montagem das chapas de vereadores ficará aberta até essa data, principalmente porque em março, será autorizada a mudança de siglas, o “troca-troca” de partidos e a “abertura da janela” partidária.
Certamente haverá muitas novidades e surpresas com a alteração das chapas e o desenho mais claro dos arranjos eleitorais e clivagens majoritários.
Dica 5: Tenha a garantia do dirigente partidário do número máximo de vereadores no mandato que o partido aceitará até o prazo final de filiação ou decida pelo partido no último momento depois de analisar todo o cenário político e estudar as chapas montadas, inclusive com as possíveis coligações majoritárias. Duas observações: o povo vota nas pessoas e não nos partidos, infelizmente, e estar na coligação do candidato a prefeito mais forte eleitoralmente ajuda canalizar votos “úteis”, pois pra população em geral, vereador é um “despachante de luxo” da sociedade junto ao prefeito. 
            Para o candidato não virar escadinha de ninguém ouça esse conselho: avalia bem se você tem serviços prestados na comunidade; se possui boa popularidade e carisma; liste num papel quantos apoios familiares e de amigos você tem (não se esqueça de calcular uma quebra de aproximadamente 30% por causa da chamada reta final ou dia “D”); compre um bom par de calçados e vê se tem algum dinheiro sobrando no bolso antes de decidir ser candidato.
            Eleição de vereador é a mais difícil de todas, esteja preparado e atento para encará-la de maneira consciente e sincera, sem por em risco sua família, sua vida financeira e emocional encantado por cantigas bonitas de um jogo duro, nem sempre digno e honesto!

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