sexta-feira, 6 de setembro de 2019

AINDA HÁ QUE DÁ PÉ CRER NA POLÍTICA

Dá pé derrotar a corrupção para que tenhamos uma cidade saudável!

Há um mal profundo na sociedade que corrói a vida democrática.
Trata-se da ideia que os políticos são todos iguais.
A aparente inocência deste pensamento contém em si um dos aspectos mais negativos no plano democrático, o de que sendo iguais, não vale a pena escolher. E, daí, as taxas de abstenção.
Claro que os políticos são mulheres e homens que choram e riem como todos os outros seres humanos.
É certo que no exercício do poder local, Prefeitura e Câmara enxameiam os lugares com parentes e aderentes, prevalecendo o “cabide de emprego”, nepotismo e aparelhamento partidário dos poderes executivo e legislativo, em vez do mínimo de competência. E o resultado acaba sendo de uma cidade triste, sob domínio de um grupo fraterno com o que há de pior no uso e abuso do erário.
Há de se reconhecer que a maioria se elege para empobrecer os pobres e enriquecer os ricos. No entanto, interiorizar que os políticos são todos iguais traduz a ausência de qualquer disponibilidade para se ser ator da sua própria vida e aceitar que os outros decidam por si.
É um ato de covardia cívica, na medida em que se pretende justificar uma conduta com a dos outros. É a afirmação de não que vale a pena escolher. É uma forma consentida de auto-alienação do que se passa na freguesia, no município e no país. É virar as costas ao destino.
            Todo o ser humano tem dentro de si impulsos para o melhor ou para o pior. Esta ideia vai no sentido do pior, própria de quem vive de títulos de jornais, de propaganda enganosa de rádios e de rodapés de televisão.
Procuram-se títulos que justifiquem a inércia para que tudo fique como está e se não saia de si para fazer o amanhã diferente. É a desistência.
            De outro ângulo, é interessante constatar que, aliada a este juízo, surge, muitas vezes, o de que os políticos são um conjunto de corruptos. Porém, paradoxalmente, há políticos condenados criminalmente por corrupção e, mesmo assim, os eleitores, nalguns casos, votam massivamente, levando-os a ter melhores resultados que concorrentes éticos, sérios, honestos e bem intencionados.
            Esta ideia, bem nociva para a vida democrática, é ainda falsa porque os que a proclamam sabem que há políticos que não estiveram nunca no poder nos últimos anos. Para se saber se são todos iguais teria sido necessário que, por exemplo, Cordélia Torre tivesse estado no Governo e fizesse o que Robério está fazendo.
            Daí a subtileza de, ao proclamar esta ideia, se esteja também a fazer de conta que os políticos que não estiveram no poder não existem.
                        Esta malévola ideia de que são todos iguais equivale a dizer que entre as propostas de Cordélia e as de Robério não há diferenças, o que é brutal. Ou que DEM é igual a PT, ou PSD, no plano político. É aceitar que a diferença deixe de operar por falta de coragem cívica.
De um lado, a indignação contra corrupção gritando “Deus nos livre” e, do outro, desmobilizando, grita “são todos iguais”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário