Dá pé derrotar a corrupção para que tenhamos uma cidade saudável! |
Há um mal profundo
na sociedade que corrói a vida democrática.
Trata-se da ideia
que os políticos são todos iguais.
A aparente
inocência deste pensamento contém em si um dos aspectos mais negativos no plano
democrático, o de que sendo iguais, não vale a pena escolher. E, daí, as taxas
de abstenção.
Claro que os
políticos são mulheres e homens que choram e riem como todos os outros seres
humanos.
É certo que no
exercício do poder local, Prefeitura e Câmara enxameiam os lugares com parentes
e aderentes, prevalecendo o “cabide de emprego”, nepotismo e aparelhamento partidário
dos poderes executivo e legislativo, em vez do mínimo de competência. E o
resultado acaba sendo de uma cidade triste, sob domínio de um grupo fraterno
com o que há de pior no uso e abuso do erário.
Há de se
reconhecer que a maioria se elege para empobrecer os pobres e enriquecer os
ricos. No entanto, interiorizar que os políticos são todos iguais traduz a
ausência de qualquer disponibilidade para se ser ator da sua própria vida e
aceitar que os outros decidam por si.
É um ato de
covardia cívica, na medida em que se pretende justificar uma conduta com a dos
outros. É a afirmação de não que vale a pena escolher. É uma forma consentida
de auto-alienação do que se passa na freguesia, no município e no país. É virar
as costas ao destino.
Todo
o ser humano tem dentro de si impulsos para o melhor ou para o pior. Esta ideia
vai no sentido do pior, própria de quem vive de títulos de jornais, de
propaganda enganosa de rádios e de rodapés de televisão.
Procuram-se
títulos que justifiquem a inércia para que tudo fique como está e se não saia
de si para fazer o amanhã diferente. É a desistência.
De
outro ângulo, é interessante constatar que, aliada a este juízo, surge, muitas
vezes, o de que os políticos são um conjunto de corruptos. Porém,
paradoxalmente, há políticos condenados criminalmente por corrupção e, mesmo
assim, os eleitores, nalguns casos, votam massivamente, levando-os a ter
melhores resultados que concorrentes éticos, sérios, honestos e bem intencionados.
Esta
ideia, bem nociva para a vida democrática, é ainda falsa porque os que a
proclamam sabem que há políticos que não estiveram nunca no poder nos últimos
anos. Para se saber se são todos iguais teria sido necessário que, por exemplo,
Cordélia Torre tivesse estado no Governo e fizesse o que Robério está fazendo.
Daí
a subtileza de, ao proclamar esta ideia, se esteja também a fazer de conta que
os políticos que não estiveram no poder não existem.
Esta malévola ideia de que são todos
iguais equivale a dizer que entre as propostas de Cordélia e as de Robério não
há diferenças, o que é brutal. Ou que DEM é igual a PT, ou PSD, no plano
político. É aceitar que a diferença deixe de operar por falta de coragem
cívica.
De um lado, a
indignação contra corrupção gritando “Deus nos livre” e, do outro,
desmobilizando, grita “são todos iguais”.
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