O povo tem sido roubado de todos os jeitos e o que é mais grave, até por políticos e governantes, que deveriam garantir sua proteção! |
Os anos vão se
passando e a criminalidade continua a ganhar campo e, como uma erva daninha,
vai se reproduzindo a olhos vistos, deixando todos perplexos. O mapeamento feito
pelos órgãos de segurança pública, com relação aos crimes de roubos, com
agressões físicas, estupros e mortes, é representativo e a todos contamina como
potenciais vítimas.
O cidadão comum
pensa que o assaltante é pessoa diferenciada das demais, que não tem
convivência social, que vive escondido no seu reduto e só se apresenta
publicamente quando da realização de sua tarefa. Nada disso. Sem fazer qualquer
apologia ao crime ou do criminoso, o assaltante é qualquer pessoa do povo, é
aquele com quem você cruza pelas ruas, com quem você assiste a uma partida de
futebol, que o atendeu em algum estabelecimento ou que, às vezes, prestou
serviços em sua própria residência.
O roubo, ação do
agente que imprime violência ou ameaça para praticar a subtração da coisa,
continua engrossando as estatísticas e experimenta em cada ano um aumento
representativo com relação ao anterior. E, de acordo com o andar da carruagem,
ampliará a estatística no próximo ano, infelizmente. Não adianta culpar as
polícias civil ou militar porque não são as responsáveis pelo germinar
gradativo da criminalidade. Essas Instituições, dentro de suas limitações
materiais, realizam um trabalho descomunal no combate à criminalidade, mas não
têm o condão de dizimá-la com suas ações.
O Ministério
Público e a Magistratura, de igual forma, também não são alvos de críticas.
Cumprem rigorosamente a lei, que estabelece os limites da punição. A lei é
feita para todos, de forma indistinta, sem indagar se o cidadão é do bem ou
voltado para a vida criminosa. A presunção da lei - Código Penal data de 1940 -
é a de que toda pessoa seja honesta e, se delinquiu, tem o voto de
credibilidade para a ressocialização. A realidade brasileira é destoante do pensamento
do legislador penal.
O crime, que era
tratado em sua individualidade, muitas vezes com ônus insignificantes para a
sociedade, hoje, mais do que maduro, invade o grupo social e, de forma
orquestrada, faz o cidadão refém e prisioneiro, demonstrando a conquista do
poder pela força e intimidação.
O problema todo,
pelo que se percebe, está centrado em dois focos: ensinar o cidadão a ser
honesto e não viciá-lo na senda da corrupção, construindo um novo homem
respeitador da vida e patrimônio alheios. Trabalho, é claro, para longo prazo.
Não é do dia para a noite que se constrói uma nova mentalidade ética. Você já
pensou, a título de curiosidade e colaboração, se no horário do programa
eleitoral gratuito, os candidatos discutissem as boas práticas para uma
sociedade melhor?
O outro é
relacionado com a pena a ser aplicada e o seu cumprimento. A pena geralmente é
branda e seu cumprimento não é integral, vez que vencido um sexto em regime
fechado, se não for hediondo, o condenado é promovido a regime mais favorável.
É claro que o assaltante, antes da prática do crime, tem conhecimento dos
benefícios vindouros, se for encarcerado, E, ao que tudo indica, a conclusão é
a de que o crime compensa. Para fazer frente a tamanho despropósito, é
necessário que o nosso Parlamento faça uma revisão legislativa penal e dote o
Judiciário de leis mais rigorosas para combater não só a criminalidade
individual como a organizada, que vem crescendo a olhos vistos, para que
prevaleça somente a vontade da lei, com a retomada ordem social.
Observo que há
vinte anos, era considerada grave a conduta do gatuno que entrava no quintal e
subtraía roupas do varal. Há dez, também considerada grave a conduta daquele
que arrombava a porta da casa e subtraía os pertences de sua escolha. Hoje, o
crime de roubo, com utilização de arma ou não, dentro ou fora da casa, desde
que não tenha lesionado a vítima, faz parte de nosso cotidiano e de nossa
aceitação. Só causa revolta quando provoca a morte. É muito comum ver no relato
da vítima: graças a Deus, o assaltante levou somente o carro, o dinheiro e os
documentos. Foi até compreensivo. Comigo não aconteceu nada.
O Código Penal
continua o mesmo para a sociedade. Para o assaltante sofreu ajustes e
introduziu benefícios, seguindo a regra penal dos países mais evoluídos. Faz
pensar até que vivemos num país de primeiro mundo, mas basta um olhar em volta
para constatar a triste sensação de insegurança que domina a todos e faz ver
que o infrator anda de braços dados com a impunidade.
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