A
poucas semanas de assumir seu mandato, a prefeita Cordélia Torres (DEM) deve
estar vivendo um momento de muitas preocupações, além da que a submete ao
sofrimento de estar acompanhando o ytratamento de Covid-19 em que se encontra o
esposo Paulo Dapé. Terá que administrar uma população mais empobrecida, com
arrecadação menor. Passada a economia de guerra que garantiu renda básica às
famílias, afrouxamento fiscal às empresas e alívio às finanças públicas, tudo
isso acabará e terá que enfrentar os próximos anos com crise econômica,
crescimento do desemprego e demandas ampliadas ao sistema de saúde.
Os resultados das eleições mostraram que a
população quer resultados e nas eleições se arriscou a mudanças. Para se ter bons resultados no governo, é preciso ter bons planos, equipe capaz e governabilidade. Cordélia possui planos verdadeiros,
consistentes, que mostram a intencionalidade da nova administração e que servirão
de guia do governo. O governo da democrata vai começar com planos. O primeiro
desafio da prefeita ao tomar posse é por em prática seu plano.
O segundo desafio, o de ter
capacidade de governo, terá que ser enfrentado já no começo, com a definição
dos secretários. Não basta ter quadros de boa formação técnica ou acadêmica.
Nada garante que um bom médico será um bom secretário de saúde. Cordélia poderá
ter um secretariado com excelentes especialistas, mas não que isso seja uma boa
equipe de governo. É um perigo ter um secretariado composto de técnicos que só
pensem tecnicamente ou de políticos que só pensem politicamente. O tecnicismo é
tão prejudicial quanto a partidarização. Governar não é uma atividade meramente
técnica, é tecnopolítica. O desafio é abrir a cabeça dos técnicos para a
política e a dos políticos para a técnica. A política a que me refiro é aquela
definida pelo plano de governo.
A capacidade de governo, no geral
começa baixa e vai crescendo com o tempo até chegar a um patamar mínimo para
podermos dizer que o governo começou. A própria população costuma dar um tempo
para que o novo governo ache o caminho. Há um tempo de aprendizado,
principalmente em equipes grandemente renovadas.
A terceira questão chave para o
sucesso da administração de Cordélia é ter governabilidade. Não se trata
meramente de base parlamentar, mas também apoio dos setores organizados da
sociedade, com os quais deve se manter permanente interlocução. O engajamento
da sociedade em relação ao plano de governo é importante inclusive para o
fortalecimento do apoio parlamentar.
O grande desafio, nos tempos atuais,
é construir uma nova governança para a administração da prefeitura, onde a
prefeita não seja só uma gerente eficiente, e sim uma articuladora da
sociedade, uma líder. Essa é a condição para que a sociedade possa ajudar a
gestão com seus imensos recursos, financeiros, políticos, e cognitivos,
normalmente não mobilizados.
O futuro de Eunápolis, para ser sustentável, precisa ser necessariamente uma construção social.
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